
Se não tem investimentos nos mercados de capitais e a sua preocupação é pagar as prestações dos créditos no final do mês exclame:
Abençoada crise!. Para aliviar os bancos do aperto no mercado de crédito hipotecário de alto risco (
subprime), os bancos centrais estão a descer as taxas de juro de refinanciamento interbancário.
Esta semana, o presidente da Reserva Federal norte-americana, Ben Bernanke, desceu a taxa de juro de referência em 0,75 por cento — de 4,25 para 3,5 por cento —, uma dimensão de corte que
não acontecia desde 1984. Na Europa, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, não quer seguir o mesmo caminho e já afirmou que o controlo da inflação é a maior preocupação do organismo. Em Novembro, a taxa de inflação na Zona Euro atingiu os 3 por cento, 1 ponto percentual além da meta estabelecida pelo organismo. No entanto, nem os analistas nem o mercado acreditam na teimosia do presidente do BCE. "Se Trichet não baixar a taxa de juro vai comprometer o crescimento económico", afirma Miguel Gomes da Silva, autor do livro
"Investir e Ganhar Mais" e director da sala de mercados do Montepio. No último mês, as taxas Euribor corrigiram quase tanto quanto os mercados accionistas.
A continuar assim, quem têm créditos indexados à Euribor a 3 meses deverá sentir já um pequeno alívio em Fevereiro, caso a taxa do crédito seja revista nesse mês. Por exemplo, quem tiver um crédito de 100 mil euros a 30 anos com um spread de 0,70 por cento pagará
menos 10 euros por mês. Se a taxa indexante do seu crédito for a Euribor a 6 meses, terá de esperar mais algum tempo para sentir o efeito positivo da crise que está a assolar os mercados financeiros.
Joaquim Madrinha