Segunda-feira, 28 de Abril de 2008

EDP das arábias não convence

A entrada da International Petroleum Investment Company, uma empresa inteiramente controlada pelo fundo soberano de Abdu Dhabi, no capital social da EDP, no início do mês, surtiu uma euforia momentânea sobre as acções da eléctrica nacional. A possibilidade da participação de 2 por cento da IPIC no capital da EDP significar, no futuro, acordos de cooperação no sector do gás e da electricidade exaltou os bolsos dos accionistas da empresa liderada por António Mexia.
Sentimento semelhante tiveram os accionistas de grandes bancos norte-americanos. Depois de observarem as suas acções cairem a pique desde que a crise do crédito de alto risco rebentou por terras do "Tio Sam", graças à intervenção de vários fundos soberanos no mercado de capitais, conseguiram colocar um travão momentâneo na queda das cotações. Foi o exemplo dos 5 mil milhões de euros investidos pelo fundo soberano de Abdu Dabi, em Novembro de 2007, na aquisição de uma participação de 4,9 por cento do capital do Citigroup, e, um mês depois, a entrada do fundo soberano chinês, o China Investment Corporation, no capital social do Morgan Stanley, através de um investimento de 3,5 mil milhões de euros, conferindo-lhe uma fatia de 9,9 por cento do banco norte-americano.
Para as contas dos investidores, estas estratégias dos fundos soberanos significa automaticamente uma subida da cotação das acções, em virtude de um aumento da procura das acções, mas também em virtude da entrada de avultadas somas monetárias nos cofres da empresa, um sinal de confiança quanto ao futuro da companhia. Porém, para Veljko Fotak e William Megginson, professores da Universidade de Oklahoma, apenas a primeira parte desta afirmação está correcta. Através de um trabalho denominado de "The Financial Impact of Sovereign Wealth Fund Investments in Listed Companies", os professores concluiram que o impacte dos fundos soberanos nas cotações das acções é apenas temporário e que as suas estratégias são sempre centradas na rápida obtenção da maximização do lucro, "traduzindo-se num impacte negativo nos incentivos da gestão e numa deteriorização dos índices de produtividade das empresas e do desempenho das acções. Além disso, revelam que, "120 dias seguintes à entrada de um fundo soberano no capital de uma empresa, as suas acções perdem, em média, 6,63 por cento".
No caso dos bancos, apesar das suas acções terem registado recuperações de dois dígitos no mês de Março, a verdade é que a banca internacional ainda está a tentar tapar os inúmeros buracos causados pelo subprime e nem o dinheiro que chega do Oriente tem safado a apresentação de sistemáticos prejuízos-recorde. Quanto à EDP, se está a pensar comprar acções da eléctrica nacional, não tome a sua decisão com base num súbito interesse do príncipe das arábias pela empresa nacional. Pondere os prós e os contras do negócio eléctrico e das renováveis da empresa de Mexia e decida se vale a pena apanhar a boleia do fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos. Luís Leitão

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