
Investir nem sempre é uma tarefa fácil. Contornar os obstáculos e não cair nas armadilhas que os mercados colocam ao virar da esquina por vezes revela-se numa tarefa minuciosa. Para evitar espalhar-se ao comprido, muitos investidores recorrem a modelos matemáticos complexos que os ajudem a tomar a decisão mais acertada, outros apenas seguem a manada e outros ainda usam o
feeling para tomar posições. A verdade é que todas estas estratégias funcionam até que os resultados produzidos sejam positivos, mas quando as coisas correm mal, todas elas vão directamente para o caixote do lixo e a dúvida continua a persistir. O mesmo acontece com o género dos investidores:
serão os homens melhores do que as mulheres no que toca a ganhar dinheiro na bolsa ou serão as mulheres o sexo forte no mundo dos mercados? Fora machismos e feminismos a resposta não é fácil e talvez não se venha sequer a encontrar uma solução completamente certa. Porém, recentes estudos indicam que as mulheres são menos vítimas de esquemas de investimentos fraudulentos que os homens. É o exemplo
Understanding the Social Impact of Fraud, desenvolvido pela
Canadian Securities Administrators, que concluíu que, em 2007, cerca de 36 por cento das mulheres declararam que chegaram a ser influenciadas para cometerem investimentos fraudulentos, enquanto do lado masculino essa percentagem subiu para 46 por cento. Segundo os profissionais da CSA, isso deve-se a claras diferenças nas atitudes e nos comportamentos entre homens e mulheres.
Recentemente, também a
British Columbia Securities Commission aprofundou esta questão e descobriu que, no que respeita a fraudes, certas atitudes de investimento colocam as mulheres menos expostas a esse risco que os homens. "
Em geral, as mulheres são investidores mais avessos ao risco e acreditam menos que investir é um jogo e, por isso, tendem a colocar o seu dinheiro na mão de profissionais", comenta Patricia Bowles, directora do BCSC. No entanto, o estudo revela ainda que as mulheres são menos confiantes que os homens na hora de procurar informação acerca de investimentos e muitas vezes replicam por inteiro as recomendações dos conselheiros financeiros. Por essa razão, quer os homens quer as mulheres devem começar por reunirem a máxima informação que conseguirem para que na hora de tomarem uma decisão de investimento, sobretudo de produtos mais arriscados, essa decisão não vire um tormento!
Luís Leitão
Na cabeça dos "chico-espertos" as regras foram feitas para serem quebradas e não para serem cumpridas. No mundo do mercado de capitais, parece que esta realidade começa a ganhar vários adeptos. O caso da fraude do corretor da Société Générale que provocou perdas de milhares de milhões de euros é mais um exemplo, mas em Portugal também os há.
Só nos últimos 2 anos, a
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários aplicou sanções no valor de 3,235 milhões de euros a 17 contra-ordenações muito graves e a crimes contra o mercado. Das maiores multas aplicadas pela CMVM a empresas portuguesas, conta-se os
550 mil euros pagos pela EDP a factos ocorridos em 2004 referentes à difusão de informação sobre a aquisição da Hidroeléctrica del Cantábrico e a uma coima de
300 mil euros cobrados ao Banco Millennium BCP Investimento por falta de integridade, transparência e equidade do mercado. Além das empresas, também alguns particulares decidiram "pular a cerca". Foi o caso de
Miguel Pais do Amaral, ex-presidente da Media Capital, que, a 15 de Novembro de 2007, viu aplicada uma coima pelo valor de
75 mil euros por violação do dever de segredo sobre a preparação da oferta pública de aquisição da Prisa sobre a Media Capital. Todavia, o puxão de orelhas da CMVM acabou por ser mais brando, após o órgão de regulamentação do mercado de capitais português ter reduzido a coima do agora presidente da Texto Editores em 50 mil euros.
Luís Leitão Puxões de Orelhas
Das 6 coimas aplicadas pela CMVM em 2007, que ascenderam aos 850 mil de euros, apenas o Millennium BCP Investimento não requereu a impugnação judicial da decisão
Alvo |
Tipo de ilícito |
Coima |
Millennium BCP Investimento |
Integridade, transparência e equidade do mercado |
300 000€ |
Finanser |
Intermediação financeira não autorizada e deveres dos intermediários financeiros |
200 000€ |
Crédito Agrícola Dealer |
Deveres dos intermediários financeiros |
100 000€ |
BPN Imofundos |
Integridade, transparência e equidade do mercado; supervisão dos organismos de investimento colectivo |
100 000€ |
Miguel Pais do Amaral |
Difusão de informação |
75 000€ |
BES Investimento |
Difusão de informação |
75 000€ |