Quarta-feira, 30 de Julho de 2008

Tal como os depósitos a prazo, os juros das obrigações são alvo de uma retenção na fonte à taxa de 20 por cento. Contudo, os ganhos obtidos com a alienação de obrigações não são considerados mais-valia, logo não são tributados em sede de IRS. Sendo assim, consegue-se fazer
um investimento de capital quase garantido sem pagar impostos. Antes de comprar uma obrigação há alguns requisitos que deve investigar se quiser investir livre de impostos: primeiro, a obrigação não deve pagar juros (ou, pelo menos, não deve receber juros durante o período em que a tiver na sua posse); segundo, não a deve manter até à maturidade, e; terceiro, deve investir através do intermediário que cobrar menos (como sempre). O mercado obrigacionista é diferente do accionista, por isso convém que se ambiente antes de avançar.
Há duas hipóteses para uma obrigação não pagar juros: é um título de cupão zero ou foram-lhe retirados os direitos sobre os juros. As obrigação de cupão zero são emitidas abaixo do seu valor nominal. Assim, quando a maturidade chegar, o obrigacionista recebe mais dinheiro que investiu. Por exemplo, no último leilão de Bilhetes de Tesouro, os títulos, que têm uma maturidade de um ano, foram vendidos a um preço médio de 95,62 cêntimos. Como têm um valor nominal de 1 euro, os investidores têm a garantia de ganhar 4,38 cêntimos por título. As obrigações “despidas” já tiveram juros, mas destacaram-lhes esses direitos e agora são negociadas como obrigações de cupão zero.
Como consegue não pagar impostos? Se vender a obrigação na bolsa alguns dias ou semanas antes da maturidade evita o fisco. Por isso, é conveniente apenas comprar emissões obrigacionistas com liquidez (isto é, que registem vários negócios por dia) e alienar os títulos com antecipação. Note que a rendibilidade até à maturidade só é garantida se comprar e mantiver as obrigações até ao vencimento. Porém, se acreditar minimamente na eficiência dos mercados, a venda umas semanas antes deve conseguir uma rendibilidade bastante próxima. À medida que a data final se aproxima, o preço da obrigação converge para o valor nominal. Deve procurar emissões com a
maturidade próxima da data em que planeia resgatar, o que, contudo, não significa que não pode alienar os títulos antes da data prevista. Na tabela em baixo encontra algumas obrigações que não pagam juros para diferentes prazos de investimento. Repare que a rendibilidade até à maturidade aumenta quanto mais tempo quiser investir. Perceba também que todos os títulos indicados foram emitidos por entidades soberanas (isto é, países) ou supranacionais, logo é pouco provável que entrem em moratória. Qual é a probabilidade da França não conseguir pagar as suas dívidas em Abril de 2016?
David Almas
Obrigações "despidas" de juros
O risco destes títulos é mínimo, uma vez que os emitentes são soberanos ou supranacionais
Fonte: Bloomberg. 29 de Julho de 2008. *Taxa anual
Quarta-feira, 12 de Março de 2008
Benjamin Franklin, um dos líderes da Revolução Americana, disse que "nada é certo na vida, excepto a morte e os impostos". Contudo, em alguns países, os impostos são mais certos que noutros. Ou, pelo menos, mais pesados.

Felizmente, ao contrário do que se possa pensar,
Portugal está entre os que menos cobra IRS e contribuições para a Segurança Social. Segundo um estudo da
OCDE, os portugueses de rendimento médio perdem 22,54 por cento do seu vencimento, quando a média dos 30 países da organização é de 26,64 por cento. Os alemães são os que mais pagam: cerca de 43 por cento dos rendimentos vão para os cofres estatais, metade do qual para a Segurança Social. Porém, são os polacos que mais contribuem para a Segurança Social, cerca de um quarto dos ganhos, enquanto os australianos não chegam a contribuir.
Além de se
ganhar mais em Espanha, as responsabilidades de
nuestros hermanos são bem mais brandas, pouco ultrapassando os 20 por cento. Contudo, se quer um regime realmente leve tem de emigrar para
o México: o IRS e a Segurança Social levar-lhe-iam 5,25 por cento dos rendimentos.
David Almas
Se não anda muito satisfeito com a forma como o Estado gasta o dinheiro dos seus impostos, saiba que, ao entregar a declaração do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), pode
consignar 0,5 por cento do imposto liquidado a favor de uma comunidade religiosa, uma instituição particular de solidariedade social ou uma entidade de utilidade pública à sua escolha.
O processo não tem qualquer custo. Por exemplo, se ao efectuar o cálculo do IRS, o sujeito passivo tiver um valor de 5000 euros na parcela de imposto liquidado e 6000 euros de retenções na fonte e decidir doar 0,5 por cento do imposto a pagar, o Estado retirará o valor consignado ao valor liquidado (25 euros) e entregá-lo-á à instituição escolhida pelo contribuinte. Ou seja, mesmo após a doação, o contribuinte recebe sempre a diferença entre as deduções à colecta e o valor liquidado, 1000 euros, neste caso.
Para o fazer, o contribuinte terá apenas de preencher o quadro 9 do Anexo H e indicar o tipo de entidade e o seu número de contribuinte. Aqui ficam algumas sugestões.
Acrescente a sua sugestão (incluindo o número de contribuinte) nos comentários.
Joaquim Madrinha
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